Dentre as doenças de veiculação hídrica que vêm recebendo maior atenção nos últimos anos, destaca-se a Criptosporidiose que é causada pelo protozoário Cryptosporidium. Os oocistos de Cryptosporidium são resistentes ao estresse ambiental e à inativação por cloro e, devido ao seu tamanho, têm facilidade para passar através do processo de tratamento físico de água. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a remoção de oocistos de Cryptosporidium parvum por meio da filtração direta ascendente em areia. Os experimentos de filtração direta ascendente, em escala piloto, foram realizados com água proveniente do Lago Paranoá inoculada com oocistos de Cryptosporidium parvum de modo a se obter concentração da ordem de 103 ooc./L na água de estudo. A taxa de filtração adotada foi de 120m³/m².d. Em nove experimentos de filtração a água de estudo apresentava valores baixos de turbidez (2,7 a 4,8 UT) e em três experimentos a turbidez era de cerca de 30 UT. Os resultados revelaram que a eficiência de remoção de oocistos de Cryptosporidium parvum no início do experimento de filtração foi, em média, 0,5 log menor que no período de funcionamento estável, em que a remoção média de oocistos de Cryptosporidium parvum foi de 3,5 log. Os valores de turbidez na água filtrada foram inferiores ao limite de 0,5 UT recomendado na legislação brasileira, Portaria MS No. 518/2004, e também inferiores ao limite da legislação americana (0,3 UT), exceto nos experimentos com turbidez mais elevada. A concentração de oocistos de Cryptosporidium parvum na água de lavagem do filtro confirmou o elevado risco de contaminação microbiológica desse resíduo. O tratamento estatístico dos dados indicou que na água filtrada não houve correlação significativa entre a concentração de oocistos de Cryptosporidium parvum e os parâmetros turbidez, coliformes totais e E.coli. Correlação fraca foi observada entre oocistos de Cryptosporidium parvum e contagem de partículas nas faixas de tamanho do oocisto de Cryptosporidium. Os resultados revelam que os filtros rápidos ascendentes apresentam eficiências de remoção de oocistos de Cryptosporidium parvum similares aos filtros rápidos descendentes.
Among the waterborne diseases that have received increased attention in recent years stands out Cryptosporidiosis, which is caused by the parasite protozoan Cryptosporidium. Cryptosporidium oocysts are resistant to environmental stress and inactivation by chlorine and, due to their size,, may pass through the physical treatment processes of water. In this context, this study aimed to evaluate the removal of Cryptosporidium oocysts by up flow direct sand filtration. The experiments in pilot scale were carried out with Paranoá lake water spiked with Cryptosporidium parvum oocysts in order to obtain concentration of about 103 ooc./L in the study water. The filtration rate adopted was 120m³/m².d. In nine experiments the study water presented low levels of turbidity (2.7 to 4.8 NTU) and in three experiments the turbidity was of around 30 NTU. The results showed that the removal efficiency of Cryptosporidium parvum oocysts in the early stages of the filtration experiments was, in average 0.5 log lower than during filtration steady state where the average removal of Cryptosporidium parvum oocysts was 3.5 log. The values of turbidity in filtered water were below the limit of 0.5 NTU recommended by UT Brazilian Health Authority, Decree MS No. 518/2004, and also below the limit set by U.S. legislation (0.3 NTU), except in experiments with study water with higher turbidity. The concentration of Cryptosporidium parvum oocysts in the filter backwash water confirmed the high risk of microbiological contamination of the this waste. Statistical analysis indicated that there was no significant correlation between the concentration of Cryptosporidium parvum oocysts and characteristics such as turbidity, total coliform and E.coli in the filtered water. Weak correlation was found between Cryptosporidium parvum oocysts and particle counting in size range of Cryptosporidium oocyst. The results suggest that up flow direct filtration has similar removal efficiency of Cryptosporidium oocysts when compared with down flow filtration.