O aterro do Jockey Club recebe a maior parcela do lixo gerado no Distrito Federal, que é depositado diretamente sobre solo, sem impermeabilização, nem sistemas de drenagem e tratamento de chorume. Recentemente, sua operação tem se transformado em motivo de preocupação, visto que a área vem atingindo seu ponto de saturação e começa a apresentar indícios de contaminação do lençol freático. O aterro faz divisa com o Parque Nacional de Brasília (PNB) e existem diversas famílias de baixa renda instaladas nas redondezas que sobrevivem, em sua maior parte, da catação do lixo e utilizam águas de cisternas instaladas na região. Nesse contexto, a presente pesquisa buscou caracterizar a situação de contaminação do lençol freático em toda a região do aterro do Jockey Club e adjacências, por meio de um programa de amostragem de qualidade da água, que teve início em setembro de 2001, com término em março de 2002. Nessa campanha de amostragem, foram utilizados 11 poços tubulares situados no PNB, 1 poço tubular no interior do aterro e 14 cisternas, além de 4 pontos de coleta de água superficial em córregos da região. Foram analisados os seguintes parâmetros: pH, amônia, nitrato, cloreto, ferro total, condutividade elétrica, DQO, coliformes totais e fecais, além de análises de diversos elementos químicos por espectrometria e extração em clorofórmio. Procedeu-se, ainda, à modelagem matemática do sítio investigado, com a utilização dos aplicativos SPRING, HELP, MODFLOW e MODPATH. Isso permitiu a simulação do fluxo sub-superficial e, de forma simplificada, do transporte de contaminantes no meio poroso. De uma maneira geral, pode-se dizer que os resultados da modelagem matemática indicaram duas tendências de dispersão da contaminação similares às observadas pela campanha de qualidade da água. Dentre os parâmetros analisados, a DQO, amônia, cloreto e condutividade elétrica se mostraram bons indicadores de contaminação. O poço instalado no interior do aterro apresentou teores de contaminação bastante elevados quando comparados com os demais pontos amostrados. As simulações de cenários futuros para os anos de 2010, 2030 e 2050 apontam à seriedade do problema, que tende a se agravar com o passar dos anos.
The Jockey Club Landfill receives most of the urban solid waste generated in the Federal District of Brazil. At this site, the waste is disposed directly onto the soil, without any type of liners and leachate collection systems. The area has been overused by the waste disposal practice since the 60’s and there is evidence that the phreatic aquifer is becoming contaminated already. Besides this fact, the landfill is contiguous to Brasilia National Park, and is surrounded by a low income urban settlement. In this context, the present research aimed to characterize the real contamination conditions of the groundwater, by performing a water quality sampling program, which took place from September 2001 until March 2002. This sampling program included 11 monitoring wells in Brasilia National Park, 1 monitoring well in the waste disposal area, 14 domestic wells and 4 points located to collect surface water from nearby rivulets. The following parameters were analyzed: pH, ammonia, nitrate, chloride, iron, electrical conductivity, COD, total and fecal coliforms. Several chemical elements were also quantified by spectrometry and chloroform extraction. The mathematical models SPRING, HELP, MODFLOW and MODPATH were used in this study case to perform the simulation of the subsurface flow conditions and the contaminant transport in the saturated media. The obtained results from both sampling and modeling exercises indicated that there are two dispersing contamination tendencies at the site. Among all parameters analyzed, COD, ammonia, chloride and electrical conductivity proved to be good contaminant tracers. The samples collected at the monitoring well installed inside the disposal area presented the highest values when compared to all other sampling wells. The transport and fate of contaminants in the subsurface, as simulated for the years 2010, 2030 and 2050, showed that the water table contamination problem tends to aggravate.