A presença de fósforo nos cursos d’água representa uma crescente preocupação ambiental devido à sua relação com o processo de eutrofização. Os despejos domésticos são importantes fontes de fósforo para nossos rios e lagos. Atualmente, uma alternativa que vem sendo cada vez mais empregada no polimento final para remoção de fósforo de efluentes do tratamento biológico de esgotos é a precipitação química com adição de sais de alumínio ou de ferro, seguida de flotação ou de sedimentação. Paralelamente a esse fato, diariamente a indústria do tratamento de água gera grandes quantidades de resíduos, ricos em alumínio ou ferro. Dentre as alternativas de disposição sustentável desse resíduo, destaca-se a utilização do seu potencial de coagulação. O objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade de coagulação do alumínio contido no lodo de ETAs, quando aplicado ao polimento final de efluentes de ETEs. Para tanto, foram desenvolvidos ensaios, em escala de laboratório, simulando-se as etapas de coagulação, floculação, sedimentação e flotação, utilizando-se o lodo de ETA e o sulfato de alumínio como coagulantes. Os ensaios incluíram o uso do lodo submetido ou não ao processo de acidificação para solubilização do alumínio. Foram utilizados os lodos desidratados gerados nas ETAs Pipiripau e Rio Descoberto e os efluentes secundários da ETE Brasília Sul e da ETE Samambaia, que apresentam características de qualidade da água bastante distintas. Todas essas unidades de tratamento estão localizadas no Distrito Federal. Os resultados experimentais indicam que o uso do lodo acidificado da ETA Pipiripau como coagulante no polimento final de efluentes do tratamento de esgotos é tecnicamente viável, uma vez que o uso desse lodo promoveu eficiências de remoção de fósforo e de algas similares às obtidas com o uso do sulfato de alumínio. Além disso, o lodo gerado nos processos de sedimentação e de flotação com o uso do lodo acidificado mostrou-se menos volumoso e mais denso que no caso do uso de sulfato de alumínio. O processo de flotaçao parece ser o mais recomendado para a separação dos flocos do polimento físico-químico de esgotos, pois, além de gerar um menor volume de lodo, permite a adoção de taxas de aplicação cerca de 10 a 15 vezes maiores do que as de sedimentação.
The presence of phosphorus in water bodies is an important environmental concern due to its relation to the eutrophication process. Domestic wastewater discharges are important phosphorus source to the water bodies. Presently, an alternative for phosphorous removal from effluents of biological treatment plants that has been frequently adopted is chemical precipitation, by addition of alum or iron salts, followed by flotation and sedimentation. At the same time, every day, the water treatment industry generates huge amount of residues rich in alum and iron. Among the sustentable disposal alternatives for this residue, the use of its coagulation potential stands out. The objective of this work was to evaluate the alum sludge coagulation potential when applied to terciary wastewater treatment. For such, bench scale experiments were carried out to emulate coagulation, flocculation, sedimentation and flotation process, using alum sludge and aluminium sulphate as coagulants. Dewatered alum sludge from Descoberto and Pipiripau water treatment plants were used in the experiments. Secondary effluent from Brasilia Sul and Samambaia wastewater treatment plants, which present quite dissimilar water quality characteristics, were evaluated. All those plants are located in the Brazilian Federal District. The experimental results suggest that the use of acidified alum sludge from Pipiripau WTP as coagulant in wastewater terciary treatment is technically viable, once the use of this sludge led to phosphorous and algae eficiences removal similar to those achieved with the use of aluminium sulphate as coagulant. Additionally, the sludge produced in the sedimentation and flotation processes with the use of acidified alum sludge as coagulant was more bulky and dense than the one obtained using aluminium sulphate. Flotation process seems to be more recommended for separation of flocs from chemical precipitation, because it generates less sludge volume, as well as, it allows the use of floculation velocity about 10 to 15 times larger than sedimentation velocity.