Considerando a iminência de ações de combate às mudanças climáticas globais, é evidente a necessidade de estimar a atual contribuição das ações antrópicas para as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Neste contexto, o consumo domiciliar de alimentos consiste em uma grande fração dos impactos da sociedade para as mudanças climáticas. Assim, a presente dissertação consiste na aplicação de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) para estimar as emissões de GEE associadas ao consumo de alimentos nos domicílios de Brasília, DF. Foram utilizados microdados da Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A ACV foi conduzida utilizando inventários disponíveis nas bases de dados Ecoinvent 3.6 Cutoff e Agribalyse 3.0.1, adaptados ao Brasil. Os resultados obtidos indicam que o atual consumo alimentar domiciliar em Brasília contribui diariamente com 11.062,39 t CO2e. Estimou-se que a emissão média per capita é de 5,05 kg CO2e, cerca de 40% maior que as emissões relacionadas à mobilidade em Brasília e mais impactante do que o consumo de alimentos em países considerados desenvolvidos, como a Finlândia e o Japão. O consumo de carnes é o responsável pela maior parcela de emissões (55,27%), seguido pelas bebidas (18,78%) e cereais (7,29%). Quando analisadas em relação às variáveis tipo de residência, faixa etária e sexo dos indivíduos da amostra selecionada, as emissões de GEE mostraram variações entre os grupos, sendo os maiores contribuintes para as mudanças, respectivamente, os indivíduos moradores de casas, os indivíduos entre 45 e 54 anos e os homens. Além disso, a parcela referente ao consumo de alimentos nas emissões de GEE pode ser ainda maior, se considerada a contribuição do gerenciamento dos resíduos sólidos gerados durante o consumo domiciliar. Em Brasília, cada tonelada de resíduo sólido orgânico gerenciada resulta na emissão de 151,82 kg CO2e. Entretanto, a taxa de produção de resíduos para cada alimento consumido ainda é desconhecida, evidenciando a necessidade de desenvolvimento de novos estudos no setor.
Considering the imminence of actions to combat global climate change, estimate the current contribution of anthropic actions to greenhouse gas emissions is needed. In this context, the household food consumption constitutes a large part of society’s environmental impacts. Thus, the present study is an application of the Life-Cycle Assessment to estimate the greenhouse gas emissions associated with household food consumption in Brasília, Brazil. Food consumption microdata from the Personal Food Consumption Analysis in Brazil, obtained by the Brazilian Institute of Geography and Statistics, was used. The LCA was conducted using inventories available in the databases of Ecoinvent 3.6 Cutoff and Agribalyse 3.0.1, adapted to Brazil. The results obtained indicate that the current household food consumption in Brasília contributes 11,062.39 t CO2e daily. It was estimated that the average emission per capita is 5.05 kg CO2e, about 40% higher than emissions related to mobility in Brasília and more impacting than food consumption in developed countries, such as Finland and Japan. Meat consumption accounts for the largest share of emissions (55.27%), followed by beverages (18.78%) and cereals (7.29%). When analyzed concerning the type of residence, age group, and sex of individuals in the selected sample, greenhouse gas emissions showed variations between groups: the most significant contributors, respectively, individuals living in houses, individuals between 45 and 54 years old, and men. Also, the share referring to food consumption in GHG emissions can be even more significant, considering the contribution of solid waste management. In Brasília, each ton of organic solid waste managed results in the emission of 151.82 kg CO2e. However, the rate of waste production for each food consumed is still unknown, showing the need for further studies in the sector.